A Força do Teatro

Nos anos dito de chumbo, o Teatro foi um dos grandes instrumentos com os quais se foi possível enfrentar a ditadura militar. Em cima do palco, grandes atores e atrizes, davam vida às histórias criadas por grandes dramaturgos, que com muito talento, conseguiam driblar a censura, e mostrar ao povo tudo que se passava com o país.

Com muitas perdas e muitos sacrifícios, a ditadura juntamente com a censura, ficaram para trás, a democracia tomou conta do país. Mas, o que aconteceu com a força do Teatro? Muitos dizem que a abertura influenciou na queda de criação, e o fato de se ter conquistado a liberdade de expressão, tirou o poder do Teatro de ser um instrumento de informação mais contundente.

Talvez pelos anos em que foi um dos principais instrumentos contra a ditadura, o Teatro sofreu um certo desgaste, natural, eu acho! Foi preciso uma oxigenação, e na minha opinião, foi essa oxigenação que deu origem a um teatro menos compromissado, politicamente falando, trazendo à tona, um Teatro descontraído, de cotidiano, de pura diversão, dito comercial.

Esse Teatro dito comercial, tal qual o Teatro engajado dos tempos da ditadura, têm força, e por mais que divirta muito mais que informe, esse Teatro dito comercial, também é competente e tem o seu valor. Mas isso é assunto para uma outra oportunidade. O que importa agora é a força que o Teatro pode ter.

Muito mais que uma arte, o Teatro sempre teve uma importância social muito grande, principalmente quando chega às camadas menos favorecidas da sociedade, ajudando a instruir essa população carente de cultura e informação.

A situação em que passa o país, faz pressupor a necessidade de uma revolução, mas, sem armas, sem brigas, sem perdas de vida. Uma revolução feita pelo poder da palavra e da ação, e o Teatro tem essa força! É preciso uma mobilização da arte contra esse processo degenerativo em que passa o país. Não é possível suportar tanta corrupção, tanta violência, tanta desfaçatez de certos homens que usufruem do dinheiro público para o seu bel prazer.

E é preciso apressar o passo, pois alguns homens estão tentando sorrateiramente e de uma forma camuflada, implantar a censura no conteúdo de programas de televisão, através da classificação indicativa, numa tentativa de inibir a criação ou talvez, de proteger interesses de alguns.

Dramaturgos, diretores e atores, precisamos empunhar essa bandeira para mostrar a força que o Teatro tem. Que é possível, em cima de um palco, passar a limpo novamente esse país. É chegada a hora da luta, de mostrar a força do Teatro como um instrumento transformador para uma sociedade diferente, não sei se melhor, mas, diferente.