Os donos do teatro

Sempre se pregou a popularização do teatro, o que já está mais do que na hora de acontecer, pois não pode ser admissível uma arte tão popular ser de tão difícil acesso para as pessoas mais carentes. E não é só isso. Como pode pessoas que fazem do teatro um sacerdócio, não conseguirem verbas para realizarem seus projetos?

Uma pena, não é mesmo? Hoje o teatro até tem um espaço maior da mídia, principalmente a televisiva, mas somente meia dúzia de produtores capitalistas tem acesso às verbas para seus projetos teatrais. Não me parece ser esse o melhor modelo de popularização, certo?

Mesmo porque o teatro não tem dono e não pode ficar nas mãos de meia dúzia de pessoas que na verdade, não estão interessadas, de fato, no bem do teatro, ou na importância que o teatro tem, pensam eles, somente em lucros, lucros e lucros.

Dizem pois, que eles se beneficiam da lei, sorte que a lei está sendo revista. Torcemos que seja para melhor. Que contemple mais os quatro cantos deste país imenso e não só as capitais, mesmo porque no interior também se faz teatro, e dos bons. E o que é pior, sem verba nenhuma.

O teatro sempre foi uma arte para ser compartilhada com todas as camadas sociais. O que adianta se fazer um teatro popular desse jeito? Produções grandiosas com ingressos altíssimos e lucros ainda maiores. Tudo produzido com verba pública, mas povo, ó!

Teatro se faz nas escolas, nas comunidades carentes, de forma amadora. Teatro é feito na raça, é feito de graça, é feito sem verba. Teatro é feito para entreter, é feito para educar, é feito para formar. E mesmo sem recursos e sem apoios, ele se fará presente.

O teatro não precisa de donos. Teatro precisa de verbas divididas igualmente à todos os artistas. Do Oiapoque ao Chuí. De Corumbá a Vitória. Não precisa destes poucos produtores capitalistas, pseudo-interessados na arte. Mesmo porque, o teatro não precisa de migalhas, pois quem faz teatro, sempre come o pão que o diabo amassou para colocar seu espetáculo em cartaz.